Comida de verdade, feita por gente de verdade que deixa a gente verdadeiramente desconcertada quando “o mais simples é visto como o mais importante”.
o @nocabh fica ali na rua Salinas, no peito da nossa Floresta (encantada). As paredes são nuas, sobre as mesas apenas o álcool em gel necessário. nenhuma distração para além das labaredas que fagulham da cozinha.
a sensação de aconchego é cortesia da casa ampliada por um quintalzão que transporta a gente pra infância. os pãezinhos desenhados no carvão sussurram: bem-vindo!
o cardápio é construído diariamente, com os insumos que estão no seu tempo. os vegetais são os reis e rainhas da nossa real dinastia, a mãe terra. o beijo sapecado do fogo, acende e ascende toda a potência que mora neles.
o Thiago, cozinheiro de olhos grandes e doces brinca com o fogo com respeito e sem qualquer presunção. a Bárbara, que não podia ter outro nome, tá lá ao lado do balcão mostrando pra gente que sonhar junto é muito melhor.
nesse almoço chuvoso de domingo, depois de deixar o filho na prova do ENEM e viver minha cota de tristeza diária pelo desgoverno perverso desse país, encontrei naquela casinha um pouquinho daquilo que a gente não pode se esquecer de tomar diariamente: coragem e suco de limão capeta.
de entrada umas plaquinhas de mandioca com ervas com as quais construiria de bom grado minha maloca. no lombo perfumado de fumaça, a mostarda complementar.
copa-lombo, chuchu e poró braseados, minha escolha. ungidos num pirão profundo e isentão, que atende pela alcunha de umami.
o marido cresceu o olho na rabada, mas foi agraciado por legumes na brasa, folhas refogadas (ou afogadas, em bom matutês) acompanhados por um requeijão mais fino que os cabelos da vovó Vilma.
felizes em encontrar um canto assim! saí de lá (sugestionada pelo terreiro e pelas raízes do menino pirotécnico) degustando lembranças das férias na casa da tia Stael em Janaúba, que me deixava assistir à Roque Santeiro desde que eu concordasse em comer seu arroz de pequi.
obrigada @nocabh! 🔥❤️
