Foi uma grata surpresa descobrir a Trattoria Due Mani durante a nossa rápida passagem por Pouso Alegre. Já morei algum tempo na cidade, por isso me sinto à vontade para dizer que a culinária por lá não é nada sofisticada.
Existem sim bons restaurantes, mas todos especializados em comidas tradicionais, pizzas ou carnes grelhadas. Encontrar uma cozinha mais moderna, criativa ou mesmo ingredientes mais sofisticados é um desafio.
Foi por acaso, procurando um lugar para jantar, que passamos na frente do Due Mani. O restaurante foi instalado em uma pequena casa, ocupando da garagem ao jardim. A reforma foi muito bem feita, percebe-se que foi investido dinheiro e trabalho para deixar o lugar agradável.
O atendimento é muito atencioso, fomos recebidos pela proprietária Andréa, que circulou a noite toda entre as mesas para garantir que todos estavam satisfeitos.
Logo na chegada formos avisados que a casa trabalha com o conceito “Slow Food”. Uma pena que eles não saibam o que significa isso. A nossa impressão é que o conceito de “Slow Food” serve apenas como desculpa para a demora no atendimento. Os pratos demoram muito para chegar a mesa, assim com a conta. Caso alguém tenha interesse, vou deixar ao final do texto o manifesto que deu origem ao movimento Slow Food.
O cardápio é pequeno, sem nenhuma opção que tenha me seduzido. Acabei escolhendo um filé mignon com o “molho da casa”, que para a minha felicidade chegou no ponto pedido.
Hanna deu menos sorte, a massa caseira (fabricada por uma empresa da proprietária do restaurante) não era boa e o pesto (sem queijo ou pinoli) muito sem graça.
Mesmo assim gostamos do programa, sem dúvida a Trattoria Due Mani é um dos melhores lugares para um jantar diferenciado na cidade.
Já estava esquecendo de falar sobre a entrada, uma Bruschetta de queijo Brie com uvas. O pão estava uma delícia, crocante por fora e macio por dentro. O creme de brie era muito bem feito e as uvas, apesar da aparência “tosca” na bruschetta, combinaram perfeitamente. Show!
Manifesto que iniciou o movimento Slow Food
O nosso século, que se iniciou e tem se desenvolvido sob a insígnia da civilização industrial, primeiro inventou a máquina e depois fez dela o seu modelo de vida.
Somos escravizados pela rapidez e sucumbimos todos ao mesmo vírus insidioso: a Fast Life, que destrói os nossos hábitos, penetra na privacidade dos nossos lares e nos obriga a comer Fast Food.
O Homo sapiens, para ser digno desse nome, deveria libertar-se da velocidade antes que ela o reduza a uma espécie em vias de extinção.
Um firme empenho na defesa da tranqüilidade é a única forma de se opor à loucura universal da Fast Life.
Que nos sejam garantidas doses apropriadas de prazer sensual e que o prazer lento e duradouro nos proteja do ritmo da multidão que confunde frenesi com eficiência.
Nossa defesa deveria começar à mesa com o Slow Food. Redescubramos os sabores e aromas da cozinha regional e eliminemos os efeitos degradantes do Fast Food.
Em nome da produtividade, a Fast Life mudou nossa forma de ser e ameaça nosso meio ambiente. Portanto, o Slow Food é, neste momento, a única alternativa verdadeiramente progressiva.
A verdadeira cultura está em desenvolver o gosto em vez de atrofiá-lo. Que forma melhor para fazê-lo do que através de um intercâmbio internacional de experiências, conhecimentos e projetos?
Slow Food garante um futuro melhor.
Slow Food é uma idéia que precisa de inúmeros parceiros qualificados que possam contribuir para tornar esse (lento) movimento, em um movimento internacional, tendo o pequeno caracol como seu símbolo.”
Folco Portinari, em 09 de Novembro de 1989
*As fotos de pratos exibidas foram capturadas por Alexandre ou Hanna Litwinski. Fotos dos ambientes podem ser retiradas de redes sociais ou materiais de press release dos estabelecimentos.
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Pouso Alegre
Minas Gerais
37550-000
Brasil
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