A cidade de Nova Orleans é conhecida pelo jazz, pelo carnaval (Madrigas) e também pela rica culinária. A cozinha Cajun e Creole têm em sua origem a união das técnicas francesas ao uso de ingredientes locais e tempero marcante. A cidade apesar de respirar diversão e alegria também tem sua faceta bastante conservadora, como todo o sul estadunidense.
Conhecemos Nola, como é carinhosamente tratada, em um congresso da empresa do marido. Conosco estavam vários colegas o que tornou a viagem ainda mais interessante. É o tipo de cidade que fica melhor “de galera”. Um amigo também entusiasta da boa mesa fez a lista de restaurantes a conhecer. Entre os imperdíveis estava o Commander’s Palace.
A turma da labuta me pegou no shopping e de lá fomos almoçar nesse restaurante. O restaurante fica numa casa de madeira com toldo listrado, pintada em tons verde água que tenta imitar um castelinho. Um local bem simpático, mas a definição Palace no nome, é um pouco exagerada. Fomos recebidas com um sorriso estranho pela hostess que foi tratando de polidamente barrar a nossa entrada. Motivo? Eu, a única mocinha da turma não apresentava o dress code exigido pela casa. Eu usava jeans rasgados, camiseta de banda e colares de pérolas pretas e brancas muito Chanel inspired. Fomos embora frustrados e famintos? Nada disso! Lembra que eu estava no shopping? Rará! Na sacolinha amarela da Forever XXI jazia uma saia longa rendada e uma camiseta preta lisa.
Perguntei à senhorita se poderia me trocar e daí fez-se a mágica. Saiu uma mocinha comportada que agora poderia adentrar aqueles nobres salões frequentados pela fina flor sulista, hahaha. O restaurante é bem assim tradicional descambando pro cafona. Finas “senhouras” de chapéus e pérolas falsas (tão falsas como as minhas, mas infinitamente menos estilosas), vestidos de poliéster com estampas horrendas e maquiagem carregada. Os senhores quase todos de paletó e gravata, também em tecidos brilhantes de qualidade e caimento duvidosos. O engraçado nos EUA é isso: o povo é muito mal arrumado em geral e como quase tudo é descartável e feito para o consumo ensandecido, eles desconhecem qualidade e a cafonice impera.
Agora vamo falar de coisa boa? A comida é sensacional. Provamos de tudo um pouco, dos pratos mais tradicionais como o Guambo e peixes fresquíssimos à carnes muito bem feitas. Tudo saboroso, temperado e muito bem servido. A cozinha tem um toque contemporâneo e executa com perfeição o rico cardápio. Vale muito a pena conhecer, certamente uma dos melhores restaurantes da cidade em termos gastronômicos, é claro. Vi que também oferecem o tradicional bruch de domingo, eu não experimentei. Se for se aventurar, aconselho que vá de longo e luvas porque deve ser tipo noite de Oscar.
