O tempo vai passando e mais prazer eu tenho de ficar rodeada de gente jovem, criativa, tolerante, bem-humorada e capaz. Não precisa ficar preocupado aê porque eu ainda resta bom senso em quantidade suficiente e não tenho nenhuma intenção de ocupar o posto da tia da balada. Esse “tipo de gente” eu reconheço de supetão e se encaixa imediatamente na minha gavetinha chamada “o mundo tem salvação”.
O quesito juventude não está necessariamente relacionada a quantidade invejável de colágeno, joelhinhos de parkour ou rostinhos desvincados, tem muita gente que nasce velha e muito velho que tem ideias cheirando à xampu Johnson’s. Acontece, que em toda virada de geração, surgem algumas características sangue-bom da galerinha primaveril. Percebo essa moçada cool, em movimento constante de valorização da simplicidade, do reutilizável, do sustentável, do afetuoso, do inclusivo e do compartilhado. E BH, com todo o seu pioneirismo em revoluções, também está muito bem representada nessa: a culinária do simples, do bom e do bem.
É cada projeto, espaço e ideia bacana fervilhando por aqui, bixo… bom, reflexões anciãs postas, outro dia fui conhecer o Restaurante Cozinha Tupis que fica dentro do Mercado Novo (que é velho, ponto para adequação do tema) que vem sendo revitalizado.
Um rapaz com mullets cujo sotaque me deixou confusa, fazia as honras da casa e convidava simpaticamente para o almoço. Falava animadamente sobre os pratos do dia e encorajava a puxar um banquinho no balcão. Funciona assim: você escolhe a proteína ou opção vegana do dia e os acompanhamentos são free refil, ou seja, pode repetir até mandar parar. Nesse dia tinha bife empanado à parmegiana, costelinha de porco ou berinjela negra. Pra acompanhar, farofinha crocante com castanha de caju, feijão gordo, arroz soltinho, couve refogadinha e banana flambada por R$25. Pra acrescentar um zoiúdo, mais R$2.
Sentamos ali saboreando um refri de gengibre de produção local, eu e adolescente que encaixa direitinho nessa minha tal gavetinha; e ficamos observando o balé da cozinha. As labaredas enormes da banana caramelizando, a montagem caprichosa dos pratinhos Marinex, um sufoco aqui remendado num sorriso acolá.
Momento de desacelerar. De curtir e quisera eu, se evoluída fosse; esquecer do celular. Saboreamos o banquete que é rico de coisas que realmente importam e fui agradecer pela acolhida.
O moço simpático da entrada, o Nicholas, descobri ser argentino e já que o sotaque não entregou, fui inocente em desconsiderar os mullets. De lá um café da Jetiboca, que vem direto da fazenda em Orizânia e já virou habitué aqui em casa. Adolescente ainda encarou, com sua infinita disposição, uma broinha pro arremate. De saída uma espichada de olho na Polvilho edições, que estava fechada, mas só pelo nome já faz a gente pensar poesia.
Que assim seja, uma comunhão de tempos, e celebremos o velho novo!
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