Paganinismo
Semana passada experimentei o sanduíche do André Paganini. Para não repetir, outra vez (e todos os demais pleonasmos cabíveis) os aplausos concedidos e assovios de bis dos fregueses comovidos, levanto outra questã.
A nossa relação com a comida vem sofrendo transformações por motivos diversos. Quer seja por preocupação com o bem-estar animal, ambiental e/ou ao autocuidado, sobre a procedência dos alimentos, a valorização dos pequenos negócios; o fato é que a gente tem prestado mais atenção naquilo que come. Vegetarianismo e veganismo são correntes vigentes e crescentes. Daí fiquei pensando no André, tão logo minha esbórnia cheaseburgueana terminou. (suspiros profundos).
A equação desse chef, é formada por três elementos notáveis; {Paganini = comida boa + coerência x gentileza2}. A carreira desse moço brilhante não mira no estrelismo, mas no ato de espalhar uma luz que aquece todo mundo. Através da comida que faz, o André comunica a conexão com tudo que valoriza, superação e alegria. Sabe aquele que fica ali na coxia pra apreciar a reação da plateia? É ele. Não é sobre a performance, mas sobre a entrega.
O cuidado que os sanduíches foram entregues, o ponto da carne perfeito, a tosta do bacon, a alfacinha separada pra não murchar, o jiló transparente pra crocantar… É como caprichar na letra pra escrever em caderno novo, é roupa de domingo, é cerveja gelada na praia. A Cheesburgueria André Paganini é filho novo, planejado e querido. Tem sido um estouro, que eu tô bem ligada. Sei (e ele também) que avaliações diferentes virão, o que não verão é o André subir no caixote e dizer que o problema tá contigo que não entendeu o conceito, “meu camarada”.
Ao André way of cook (e distintos chefs que moram no meu coração e seguem essa direção), proponho um novo movimento gastronômico: o Paganinismo, que segundo o meu dicionário particular significa: corrente ou tendência de valorizar e cuidar da experiência do cliente, baseado no compromisso, empatia e ato ou efeito de lamber os beiços.